segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Luiz Shumy

Quem via aquele homem alto de cabelo castanho com fios ondulados e perfeitamente penteados, fazer par com os olhos castanhos que lembravam duas jabuticabas maduras, adornados pelo sorriso de menino travesso; ninguém jamais imaginaria o desejo quase insano que ele tinha de sair correndo daquele escritório.

Liberdade! Essa era a única palavra que perambulava na cabeça de Luiz Shumy. Gostava do serviço, mas nos últimos tempos parecia que nenhum relatório era suficiente para satisfazer à necessidade de informação da diretoria. Havia dias que pensava que seu cérebro seria sugado por números, formulas, conjunções e concessões. Conduzia os orçamentos da empresa, com magnitude, mas sentia que sempre faltava algo.

Depois de 5 horas de reuniões seguidas, voltou para o sossego de sua sala; que aquela altura do dia parecia ter sido assolada por um tornado. Havia uma pilha gigantesca de relatórios para assinar, vários recados sobre a mesa, à caixa postal estava lotada de e-mails não lidos, sem falar nas várias chamadas não atendidas no celular. Às vezes achava que os filmes do Spielberg, não estavam tão longe da realidade; o mundo parecia um globo digital onde um louco controlava cada movimento.

Sentiu seu coração acelerar, parecia que a cabeça estava prestes a estourar e tinha a sensação de que as paredes da sala estavam se movendo para cima dele. Sem pensar em mais nada, levantou e saiu tão rápido quanto suas longas pernas eram capazes de andar. Passou pela secretária e não conseguiu registrar a informação que ela falava, olhou para o elevador, mas a escada foi mais atrativa. Parecia um louco enquanto descia os degraus, afrouxou a gravata, desabotou três botões da camisa e quando viu já estava na calçada andando por entre as pessoas. Milagrosamente a pressão desapareceu. Andou até os pés não agüentarem mais, o vento batendo em seu rosto parecia levar para longe todas as preocupações e tormentos da sua mente.

Já era noite quando chegou à porta do edifício. O porteiro olhou para ele com ar de desaprovação.

- Sua secretária está desesperada atrás do senhor, pediu para que ligasse assim que o visse. O senhor está bem?
- Estou, pode deixar que eu mesmo ligo.
- Tem correspondência para o senhor.
- Obrigado e boa noite.


Entrou no living e quando viu seu reflexo no espelho, começou a rir. Parecia um psicótico fugindo do sanatório. Entrou no apartamento e sem acender as luzes foi até o quarto, onde terminou de se despir, permitiu-se ficar embaixo da ducha por mais de meia hora, como se a água morna fosse capaz de eliminar os resíduos finais daquele dia infernal.

Mais tarde quando se sentiu mais tranqüilo, ligou para a secretária informando que teve uma emergência, mas estava tudo sob controle, desligou desejando um bom final de semana e pedindo para ela providenciar algumas informações com o pessoal da controladoria na segunda cedo.

Ligou o celular e começou a ver as ligações não atendidas e mensagens recebidas, havia um recado da mãe na secretária eletrônica, retornou a ligação já sabendo que o assunto seria “Você sumiu, estou com saudade! Você está bem? Tem se alimentado direito? Você precisa sair mais, colocar sua vida para andar novamente”. Dez minutos despediu da mãe e mandou lembrança para o pai e irmãos. Amava a família e sentia a falta deles por perto, mas a vida acabou por fazer com que fosse morar longe, ossos do oficio!

Já estava deitado quando o celular tocou, olhou desanimado no visor “nova chamada”, atendeu com voz de poucos amigos.

- Boa noite. Sou Ronei Ditche, consultor da sua operadora de telefonia móvel. O meu contato é para informar que o senhor foi o nosso cliente premiado na Promoção Sete Mares. Trata-se de um mini cruzeiro pelo litoral do estado, o embarque é amanhã às oito horas na Marina, com previsão de retorno no domingo as 17hs.
- E você ligou agora? Tentamos contato com o senhor o dia inteiro, mas seu telefone estava sem sinal.
- Ok, você tem mais informações? Terei que pagar algo?
- O senhor deverá levar apenas pertences pessoais. Bebidas e alimentação estão inclusos no pacote. Como parte do evento, teremos uma festa a fantasia a bordo, não precisa se preocupar, as fantasias serão disponibilizadas por nós. Posso confirmar sua presença?

Pensou por alguns segundos e respondeu.
- E porque não?

8 comentários:

Anônimo disse...

Arriégua, o 8 segundos é o Leco, né? A-POS-TO, só ele conseguirira incorporar um bandidão com tanta gana e inteligência (prestenção, num vai se borrar, hein??? rs). O LuXumy é a Shumy-Shu? Bom, enfim, bora ler, quero ver onde (mais) essa doideira vai dar. Ei, para tudo, peralá, se é pra dar, eu tbm quero, owwwwwww!!!! :-| Bjões a todões! :-D

Anônimo disse...

Ótimo começo, certamente.
E fiquei morrendo de raiva da Shu!
Me fez mudar meu texto todo, ha ha ha
Pq achei q o dela ficou excelente e o meu ñao tava à altura, rs..
Bjos

Karine Leão disse...

Hummm... É isso aí, Máfia!]


Shu, seu post arrasou, assim como o de Aleph tb!

Beijo Karinhoso,

Anônimo disse...

Galera,

To numa feira, a trabalho mas corri aqui e adorei as personagens...
Tô louquinha pra saber onde é que isso vai dar...rs
Beijos e parabéns!

Anônimo disse...

Mas mal a Teia se formou e já começaram as competições!!!!
Adorei, Adorei, Adorei!!!!!!
Parabéns.
Bjs

Anônimo disse...

Gostei de mais da conta do post. A questão é que, lendo-o agora, notei que há algumas semelhanças entre ele e o meu. Coisas como um dia difícil, telefonemas, nada que possa ser considerado um plágio. Bom, a não ser que você queira me processar. Abraço a todos! Parabéns para o nosso blog.

Mateus

Anônimo disse...

Demorou mais cheguei!
Nossa... O blog começou com tudo hein? Muito bom!
Será que alguém aí pode me sortear nessa tal promoção sete mares?? risos
Vou ler o restante dos posts!
Beijos máfia, sucesso!

Anônimo disse...

Demorei, mas cheguei.
Para variar, a máfia mandando super bem. Vamos ver o que será esse mini cruzeiro para um executivo estressado.
Beijo máfia.