segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Oito Segundos

A neblina fria e úmida tornava a cidade mais ameaçadora. Uriel sentia seu coração pulsar na garganta, andando apressadamente, esquadrinhando a rua com seu olhar nervoso, apertava o laptop contra o peito. A garoa caía, mas agora tinha certeza que não havia como voltar atrás. Viu um carro de polícia afastar-se ao longe.

Chegou finalmente até a cabine telefônica, observando atentamente ao redor, onde apenas um mendigo fétido e bêbado conversava sozinho. Entrou na cabine e enfiou a mão cuidadosamente atrás do aparelho. Sentiu os fios da linha telefônica e os afastou usando o indicador e o dedo médio como pinças. Não era uma simples ligação que precisava. Sentia o suor umedecer suas axilas, tateou um pouco mais e achou o que queria. Um pequeno cabo de transmissão de dados, certamente ligado a um grande servidor, do outro lado da linha. Desde que haviam inventado transmissões de dados, orelhões que recebiam cartões de crédito os tornavam pontos abertos e anônimos de entrada em banda larga para a web. Sabendo-se os códigos corretos, era como se pudesse acessar de forma invisível. Era tudo o que queria.

Em exatos oito segundos, todas as quantias em centavos de milhares de contas de um grande banco iriam sumir, como em um passe de mágica, até um paraíso fiscal. Ali, em seu laptop, os códigos multimilionários, uma compilação do trabalho de vários hackers, abriria uma porta no servidor do banco, que levaria apenas 8 segundos para fechá-la. Mas em 8 segundos, mais de dois milhões de dólares estariam em uma conta em um lugar fora do alcance. Seu IP desapareceria para sempre, e o dinheiro sumiria no servidor da telefônica, que, infectado com um vírus potente, apagaria qualquer registro. Finalmente acessou o cabo cercado de anéis de aço. Retirou de seu bolso um alicate de corte, olhou em volta mais uma vez e cortou o cabo. Em poucos minutos, seu laptop estava ali, pronto para lançar os códigos que o fariam milionário, e o vírus, que atrapalharia a companhia telefônica. Um carro de Polícia passou lentamente, observando as cabines. O coração de Uriel disparou, mas manteve o sangue frio, pegou o fone e simulou uma conversa, não atraindo para si a atenção policial. O carro afastou-se, o bêbado olhou para a cabine e reclamou das luzes da polícia. Era a hora. O laptop acessou o servidor e entrou na internet sem muita dificuldade, logo iniciou uma seqüência de dados, e Uriel passou a controlar nervosamente a barra de progresso. Quando a barra chegou ao fim, o telefone da cabine tocou estridentemente. Uriel num só movimento arrancou o fio de conexão, fechou o laptop e correu o mais rápido que pode, apertando o laptop contra o peito. Pegou a moto que deixara há um quarteirão, acelerou em direção ao cais do porto. Acelerou a moto paralelamente a borda e jogou o laptop aberto, nas águas profundas e escuras.

Uriel acendeu um cigarro e sorriu. Iria para casa, abriria seus e-mails falsos e constataria o quanto sua vida mudara... e o quanto sua vingança seria perfeita.

- Agora o jogo começou...

Foi quando sentiu uma picada na lateral do pescoço. E as luzes do cais tornaram-se borradas, até que se apagaram de vez. E logo estava inerte, ao lado da moto.

10 comentários:

Anônimo disse...

A Shi errou, a Shi errou, lero lero!!!
ADorei o Uriel, mas não fui eu quem o criou, rs...
Meu personagem estréia só na quinta, he he he

Aleph, arrasou!
Abraço

Anônimo disse...

Hummm... quanto mistérioooooooo...

E Dale Teia Digital...

Sejam todos bem-vindos e vamos descobrir quais mistérios nos reservam os Mafiosos!

Beijo Karinhoso,

Bruxinha disse...

Nossa!!!! Este texto passa muito bem a sensação de suspense, medo, transe,arrepiando os fios de cabelo da nuca...brrrr legal cara!!
Desirée

Anônimo disse...

Só me dei conta que estava com a respiração presa, quando acabei de ler o post.
Caramba!!!!!!!!!!!!!! Vai bombar essa nova história.
Boa sorte pra TODOS, afinal com tantos mistérios, haja coração...
Beijos

Anônimo disse...

Esse Uriel já tô vendo que vai ser "dá pá virada" como diz minha mãe...
Meio bad boy...hum, sei não...rs

Encontro Uriel nos próximos posts. Adorei.
Beijos

Anônimo disse...

Rapaz, o post dá a exata noção de um suspense envovelndo a internet, que é a idéia do blog. E a linguagem, então? Aleph, ficou muito bom! Parabéns! Espero os próximos.

Abraço,

Mateus

Anônimo disse...

corrigindo: envolvendo

Anônimo disse...

caspita,...picada no pescoço??
Logo no começo???

Já vi tudo, vou ficar sem unha desse jeito!!

Ahm,..por favor mantenham esse Uriel bem longe da minha conta, please!!!...tenho pouco $$, mas é muito meu, tá?!

Shumy
Beijus

Anônimo disse...

Xiii... Esse Uriel já está aprontando logo no primeiro post? Ai, ai, ai!
Que suspense! Vou ler mais!
Beijos

Anônimo disse...

Uauuu, para quem vai essa "dinheirama" toda. Agora que Uriel esta inerte ao lado da moto. (será que o mendigo não era tão mengigo assim?)
Mistériooooooooooo