quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A bordo

Naquela noite, Vila Nova foi se deitar ao som do convite inesperado: Um cruzeiro ao lado da ex-namorada. Ficou verdadeiramente intrigado com a situação. Afinal, quando os dois haviam terminado o relacionamento, Lúcia afirmou que nunca mais desejaria vê-lo, ainda que fosse coberto de ouro.

“O que a fez mudar de idéia assim, depois de tanto tempo”? E por que convida-lo para esse cruzeiro? Depois de muito pensar e não achar uma resposta convincente, resolveu descer para tomar um copo d’água e viu que a tia, só para variar, dormia ao pé do rádio. Ao seu lado, também dormindo, seu poodle, Frederico Hermmann, ou simplesmente Fred, como ela o chamava. Acordou a tia, foi à cozinha e voltou para o quarto.

Na manhã seguinte, depois de uma noite praticamente em claro, decidiu acertar alguns detalhes de um determinado assunto que reclamava a sua atenção. Assim, ligou para um velho amigo, mas a gravação do outro lado da linha avisou que o número pretendido encontrava-se desligado ou fora da área de serviço.

À tarde, um número desconhecido apareceu no visor do seu aparelho. Atendeu a chamada, imaginando ser outra ameaça. Ledo engano. Uma voz feminina se fez ouvir:

- Sr. Cláudio Vila Nova?
- Sim, sou eu.
- O seu nome está relacionado em nosso cruzeiro, como acompanhante. O senhor confirma o embarque programado para amanhã, à tarde?

Lembrou-se que Lúcia havia pedido o número do seu celular, por isso não estranhou o telefonema. E porque daria tempo de resolver o assunto pendente, decidiu aceitar.

- À noite, acontecerá uma festa à fantasia. Não se preocupe com o traje, estamos providenciando tudo. Gostaria, apenas, de acertar alguns detalhes.

Na tarde do dia seguinte, um carro o aguardava na porta da sua casa. Despediu-se da tia, que o acompanhou até o veículo, encarando o motorista. Sentado no banco de trás, rumou para a marina, sentindo um odor estranho, algo parecido com éter.

Ao chegar, tentou novamente falar com o tal velho amigo, já que todas as suas tentativas restaram infrutíferas. Desta vez, ouviu o som característico da chamada aguardando para ser atendida, contudo não obteve êxito. Enquanto descia do carro, pegava sua bagagem e se dirigia para o navio, uma mulher loira, incrivelmente deslumbrante, o interceptou. Ao ouvir sua voz, Cláudio constatou que era a mesma pessoa que havia ligado no dia anterior.

- Por favor, por aqui. Subiram alguns degraus e pararam ao lado de um homem, que, segundo Vila Nova percebeu, conferia bagagens, consultava listas e recolhia celulares. Tudo com muito profissionalismo e extremada educação, sem causar qualquer inconveniente aos passageiros. Antes que entregasse o seu aparelho, conseguiu a ligação que tanto desejava. Desta forma, pediu alguns minutos e se afastou. Assim que terminou, entregou o celular. Tudo ali era organizado demais para que pudesse estranhar tal procedimento. Além disso, desconfiava que não haveria sinal em alto-mar.

- E a srta. Lúcia Camargo? Já se encontra a bordo? Perguntou.
- Perfeitamente, senhor. Entretanto, não tenho comigo o número da sua cabine.
- Sr. Vila Nova. Disse a loira. – Tenho aqui um bilhete da Srta. Camargo.

No bilhete, Lúcia dizia que estava envolvida pelo clima romântico e misterioso do cruzeiro e que os dois se encontrariam no baile à fantasia, por isso pediu que não lhe fosse passado o número da sua cabine. Vila Nova não sabia se achava aquilo tudo muito ridículo ou se embarcava de vez na aventura. Decidiu ficar com a última opção.

A loira, que disse se chamar Isadora, levou-o ao seu quarto. Durante o trajeto, percebeu que havia um numero incontável de pessoas a bordo. Uma estrutura fenomenal, com serviços impecáveis de atendimento. Se a razão de todo aquele luxo era impressionar os passageiros, eles haviam conseguido.

O jornalista recebeu algumas instruções, um cartão magnético para compras e acessos aos compartimentos do navio e foi avisado que, dentro de três horas, alguém apareceria, trazendo sua fantasia. Pensou em dar algumas voltas, para conhecer melhor o local, mas não estava se sentindo muito bem. Um torpor tomava conta do seu corpo. Decidiu, então, deitar-se. Já que era para ser clima de romance, deixaria o passeio para depois, ao lado da ex-namorada. Afinal de contas, não estaria ali se não fosse o seu convite.

Quando acordou, já passava da meia-noite. Estranhou muito o fato de ter dormido daquela maneira, mas creditou o sono a três fatores: o cansaço dos últimos dias, a rasteira que havia recebido do jornal e, óbvio, a noite mal dormida. Notou que sua fantasia não se encontrava no quarto. Imaginou que, como estava dormindo, não quiseram incomodá-lo. Pegou o telefone e uma voz masculina prometeu que dentro de vinte minutos o traje seria entregue.

Desligou o telefone, lembrou-se de Lúcia, que, possivelmente, aguardava-o, na festa. Levantou-se, abriu a porta para ver o rumo a tomar depois que estivesse pronto, notando que não havia uma viv’alma no corredor. E porque tudo parecia silencioso, voltou para a cama, deixando a porta aberta.

Pegou um livro sobre o criado-mudo, folheando as páginas. Achou curioso o que estava destacado à caneta, na página 213. De repente, um homem, vestido de Dom Juan, entrou como louco em seu quarto, dizendo algo sobre grito, tiros e gente morta.

O susto, de fato, foi grande. Tão grande, que Vila Nova não se deu conta de que o outro havia lhe tratado pelo nome. De imediato, reclamou da invasão, esperando uma resposta satisfatória, quando o celular que o homem trazia consigo tocou, causando estranheza ao jornalista, já que o seu fora recolhido. Assustado, o invasor tirou o aparelho do bolso e jogou-o sobre a cama. Movido pelo instinto investigativo e sem pensar duas vezes, Vila Nova decidiu atender a chamada.

- Alô?
- Onde está você? Disse uma voz, algo modificada eletronicamente.
- Quem está falando?

Um breve silêncio e a ligação caiu.

- Eu vou com você ao tal quarto. Falou Cláudio, visivelmente nervoso - Depois, eu quero algumas explicações.

O estranho conduziu o jornalista até à cabine onde ele afirmava ter visto os corpos. A porta estava parcialmente aberta. Entraram.

- Quem são vocês? Perguntou um senhor, enrolado em uma toalha. - Pelo visto, não são do serviço de bordo. O que fazem aqui?
- Perdoe-nos. Disse o jornalista. - Acho que nos enganamos de quarto.

Vila Nova, confuso com tudo aquilo, puxou o outro pelo braço, levando-o de volta até a sua cabine. Ao entrarem, notou que sua fantasia estava sobre a cama. Apesar daquela situação estranha, não conseguiu deixar de comentar, num tom de ironia:

- Que maravilha! Eu vou ao baile fantasiado de Dom Quixote... - Bom, agora somos nós dois. Completou o jornalista, exigindo que o Dom Juan disfarçado se sentasse numa cadeira, pegando outra para si, ficando exatamente de frente para ele.

- Agora, você vai me explicar o que está acontecendo.

23 comentários:

Anônimo disse...

Definitivamente, eu odeio demais o Matt!!!!
Como ele consegue sair brilhantemente de uma enrascada?
rs...

Senhor Advogado Mineiro Amigo Meu, EXCELENTE, como sempre!

Agora, só nos resta esperar, né?

E esse Vila Nova é meio engraçado, não?
Meio Peter Parker, meio Sherlock Holmes, rs...

Abração

Anônimo disse...

E agora, esqueçamos Vila Nova, Teia e afins!

É hora de um recadinho especial pro autor do post de hoje:

PARABÉNS, MATT!!!
MUITOS, MUITOS, MUITOS ANOS DE VIDA E FELICIDADE PRA VC!
Na verdade, tudo de bom que se deseja em aniversários.
Tudo que desejo pra mim, quero pra ti tb!

E vc não sabe o quanto sou feliz de tê-lo como amigo, de conhecê-lo pessoalmente, de termos retomado nosso contato!

E acho que todos ganhamos de presente com sua volta como autor de blog-novela!!!

Meu amigo, FELICIDADES!
De todo coração!

OBS: Eu já dancei junto com o Matt, vcs não tem noção de como é divertido dançar com um advogado desajeitado, ha ha ha ha

Anônimo disse...

Pensei que fosse morrer sem ar rsrrs
Estava numa expectativa danada quanto ao rumo do casal e da confusão na cabine ao lado.
Onde fui parar???? Quero meu corpo de volta!!!!!!!! Ou será que não morri mesmo?
AAAAAAAAAiiiiiiiiiiiii isso está me consumindo.


Matt, Parabéns!!!!
Parabéns duplamente.
Bjs

Anônimo disse...

Aproveitando o espaço...

Bom eu não conheço o Matt pessoalmente como vc Lê, mas gosto dele da mesma maneira que vc e desejo a ele tudo que possa existir de melhor nesta vida, que Papai do céu o proteja sempre e que o ilumine para que possa escolher o melhor caminho a percorrer na sua vida.
Que seu dia seja muito alegre.


Deve ser muito engraçado ver um advogado mineiro e um administrador pós adolescente dançando... queria estar lá pra ver rssssssssssssssssss

Bom dia a todos.
Bjs

Anônimo disse...

Leco,

O Peter Parker foi acidental. Quando vi, já tinha criado a Tia Loretta. Como achei-a simpática, não quis me desfazer dela. Sem contar que ela acaba contribuindo para o perfil do Vila Nova.

Agora, quanto ao suspense, segura a onda, Lukas, digo, Leco. Rsssss

Sônia, achou mesmo que eu iria terminar com o suspense? Minha função aqui é complicar ainda mais.Rssss

Gente, obrigado pelo carinho. Vocês sim, são maravilhosos. Estão sempre presentes em minhas orações e só posso pensar que Deus é bacaníssimo comigo, por colocar em meu caminho pessoas incríveis. Amo vocês!!

Leco, desengonçado, eu? Tá bom! Agora, comprometedora é aquela foto. Rssss ... Mas deixa isso quieto, né?

Anônimo disse...

Foto?
Que foto?

É, hj é dia de festa!
Deixa quieto mesmo!
huahuahuahauahauhaua

Anônimo disse...

Foto?????????

Hummmmm que foto? Divulga ai Matt!
Quero ver o sorriso do Lê...

Matt, Deus que bacana com a gente, ter colocado vc no nosso caminho foi um presente.

Bjs

Anônimo disse...

Ops, faltou um "foi" ante do bacana...

Anônimo disse...

Caraca...diante de escritores tão bom assim desse jeito vou ter que me considerar "café com leite" dessa turma...aff!!!
Mateus, eu amei tua continuação e jogou a bola novamente pro Le...kkkk
E aproveitando, hj é seu níver né querido?
Parabéns pra vc e muitas , mas muitas felicidades.
Beijos

Anônimo disse...

Alê, obrigado. Pois é, devolvi para o Leco. Só quero ver o que ele vai aprontar.

Pra quem será que o Vila Nova ligou, antes de entregar o celular? Por que os corpos de Sônia e Paulo não estavam no quarto? Por que Lúcia não foi atrás do Vila Nova, já que ele se atrasou para a festa? Era Stranger do outro lado linha, quando o cel. de Lukas tocou?

Alguém pode responder alguma coisa, pelo amor da bíblia, já diria a minha mãe?

Anônimo disse...

Bom, vou tentar responder Matt.

Acho q ele ligou pra mim, pra avisar que estaria indo pra um cruzeiro...so que não tive tempo de avisa-lo que eu e meu marido iriamos tbm rsrsrs

Os corpos não estavam no quarto porque eles não eram pra estar, afinal eles não morreram.

A Lúcia não foi atras do Claudio pq ela não está no navio Matt...
Ela voltou pro último ex, ele a convidou pra passearem e ela aceitou ai o pobre do Claudio ficou a ver navios.

Olha, pelo q me contaram o Lukas recebeu uma ligação da Embratel cobrando as contas atrasadas, por isso ele jogou o tel na cama do Claudio, coitado...

Sevcs quiserem daber mais, é só me pergunatrem tá?

Ahhh me perguntaram tbm, o que teria marcado na pagina 213, fontes seguras me disseram que o livro era do Marcelo Augusto, como eu não recebi um exemplar de cortesia, ainda não li, mas prometo que vou descobrir pra vcs, ok?

Bjs

Anônimo disse...

Já sei... a fantasia da Sonia e do Marido era de assassinados!!! Resolvido o mistério!!!

Matt... parabéns! Muitas felicidades e tudibom pra você!!!

Anônimo disse...

Soninha atacada hj, dando uma de Sherlock e resolvendo todos os enigmas!
Agora, Sonia, já que vc tá sabendo de tudo, me responda:

QUEM MATOU TAÍS?

rs....

Anônimo disse...

Será que a Sônia está certa? Achei bem plausível o bolo que o Vila Nova tomou da ex. Ele, literalmente, ficou a ver navios. Pelo menos é um espetáculo de navio, com serviços impecáveis de atendimento.

Quanto a quem matou Taís. Essa é fácil! Já que não tem mordomo na novela, foi o porteiro daquele prédio onde mora a metade dos personagens. O tal senhor foi atrás da gêmea boa, cobrar uma dívida de jogo que o avô dela deixou. Ele morou lá e os dois, quando podiam, iam jogar damas e dominó com os outros aposentados do calçadão. Aí, a gêmea má, que se passou pela boa, não conseguiu deixar de ser grosseira, dizendo que não pagaria "p.n". Não deu outra, o porteiro perdeu o juízo e matou a moça.

Bom, essa é a minha teoria.

Anônimo disse...

Eu ainda acho que quem tinha de ter morrido era a Paula e o Daniel juntos.
Eita casalzinho chato!

tenho esperança que na última cena da novela, a Alessandra Negrini pisque o olho pra câmera e solte um 'merrrrrrrrrrmo' bem carioca da Taís, huahuahauhaua

E eu acho que quem matou foi o Zé Luís, aquele menino chato que fica andando com o outro chato do Mateus, rs

Anônimo disse...

Que zona...daqui a pouco vamos descobrir que a Taís não morreu e está entre nós no navio...rs
Matheus, eu tenho uma pista de pra quem VilaNova ligou antes de embarcar...
Hum...acho que ligou pra tal tia, e é uma das pessoas envolvidas na trama! Com jeito de boazinha, ela comanda tudo junto com mais alguém e como ela já é velhinha, se for pega tem grandes chances de não ser presa. É isso, ela deve ser testa de ferro de alguém...quem sabe da Sonia??? E Claudio ligou só pra se despedir, mal sabe ele o qto a titia é perversa...rs

Anônimo disse...

Olha Lê,eu não sou muito boa pra desvendar mistérios, rssssssssssss até ontem eu achava que quem matou a Taís era o Olavo, mas meu amigo Daniel descobriu que não poderia ser ele,então...deixo pro resto do povo descobrir e me foco no navio que está bem melhor rsssssssssssssssss

Anônimo disse...

Gentem, passando correndo com pernas e coluna que eu definitivamente NÃO TENHO, só pra desejar ao gostosééééérimo do Matt um feliz aniversário, e muita felicidade, que vc continue sendo essa coisa rica e fofa da tia doida, visse? O texto vou deixar pra ler à nôtche, pra então tecer minhas sempre sábias considerações :-P Bjões a todões!

Anônimo disse...

Então hoje é aniversário do jornalista Cláudio Vila Nova?
Parabéns!!!!!!
Começo a achar que esse jornalista desvendará alguns dos mistérios desse luxuoso cruzeiro.

Anônimo disse...

Mateus,

Frederico Hermmann é o nome do seu cachorro???

Meu lindo, sinceramente... você sempre surpreende!!! MUITO, MUITO BOM O POST MESMO!!!

E que farra nos comentários, hein??? risos

Mateus,

Fico imaginando o que lhe dizer num dia especial como hoje... e sinceramente prefiro falar pelo telefone, vou te ligar daqui a pouco, tá?

DEUS o guarde sempre na palma da Mão, cubrindo assim sua vida de bençãos especiais: AMOR, SAÚDE, PAZ, SUCE$$O, SONHOS REALIZADOS, BONS AMIGOS!!!

PARABÉNS!!!

FELICIDADES!!!

Um beijo Karinhoso,

Shumy disse...

Esse mistério é melhor que adrenalina...rs

Matt, parabéns pelo texto e por colocar o Le na parede novamente!
Parabéns por mais um ano nesse mundo, fazendo parte de nossas vidas. Muita saúde, paz, sucesso e que seu caminho seja eternamente iluminado!

Sonia, eu acredito que a Lucia está lá no bar, ao lado da Teca, Cintia e Raquel....e o Luiz só no xaveco furado
Quanto ao casal, acho que....tem muita agua para rolar pelos motores desse navio!

Beijus a todos!
Especial duplo para o Mateus

Aleph disse...

Um Feliz Aniversário, mateus! Adorei o post! E é muito bom ter vc de volta conosco!

Paulo Adriano Rocha disse...

Ah é, ontem foi aniversário do Matt, né? 12 de Setembro... é o homem da primavera.

Bem, antes de mais nada, quero dizer que eu não estou nesse cruzeiro, não conheço nenhum dos autores do blog e muito menos qualquer dos personagens, portanto, antes que o Leco me comprometa... EU NÃO SOU O ASSASSINO, ok?
Espero que seja alguém a quem eu possa acusar. O ruim é que já tem o Vila Nova, que vai dar uma de Herlock Sholmes, claro!