Pancadaria, Confusão, Lembranças do Passado e Um Homem de Cicatriz

Aquela overdose de informações deixou todos atônitos.
Uriel, depois de terminar, teve uma queda de pressão que todos tentaram acudir.
Lukas, entretanto, puxou Téca pelo braço e a levou para um canto da cozinha.

-Que história de moral foi aquela que a Sra. insinuou? -perguntou.

-Moral, meu caro. Não se lembra da definição do conceito? Mas garanto que não inclui o assassinato como parte dele. -ironizou Téca.

-Não entendo onde você está querendo chegar... Odeio pessoas levianas. -disse Lukas.

-Leviana? Eu? -e esboçou um sorriso sarcástico - Serão levianas também todas as informações que obtive do livro de Vila Nova?

Téca só sentiu seu corpo sendo empurrado e o baque da parede.
Lukas, sem controle, partiu para o grupo e esmurrou o rosto de Vila Nova, que caiu atônito.
Cíntia, a muito custo, afastou Lukas enquanto Luiz segurava Vila Nova que se levantou de um pulo.

-QUE PORRA É ESSA, CARALHO! -gritou Luiz. -Vila Nova, contenha-se! E você, Lukas, parece que faltou a todos aqueles treinamentos chatos sobre autocontrole a que fomos submetidos!

-É melhor se acalmarem mesmo! Agora que começamos a abrir nossas caixinhas de segredos, quero entender essa raiva do Lukas... E achei muito interessante esse papo de treinamento conjunto entre vocês, Luiz... Quem começa a explicar? -perguntou Rachel Maccioti.

Lukas sabia que não tinha jeito.
Era a hora da verdade.

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O monitor exibia imagens de várias partes do navio em intervalos intercalados.
Distraídas, quatro pessoas conversavam numa sala envoltos por fumaça de cigarro e com copos de uisque caríssimo nas mãos.

-E então, o que faremos a seguir? -perguntou Lúcia.

-Não sei vocês, mas quero que Luiz sofra bastante... Na verdade, quero que ele me deseje novamente. Pois vai estar no chão e eu serei sua única salvação... Quero implorando meu perdão... -disse Charlotte.

-Mulheres, mulheres... Sempre tão emocionais... Já pensou em ser mais passional, minha linda... Acho que Lúcia consegue isso com muito mais facilidade que você. Exercitar esse seu lado seria muito mais divertido. Tente imaginar Luiz bem, mas bem machucado. Quem sabe morto... Acho bem mais interessante... -disse Ranald.

Distraído, com o olhar perdido, um homem com uma enorme cicatriz no rosto 'ouvia' a conversa dos demais.
Foi chamado de volta à conversa por Ranald.

-Meu caro, e você, já sabe o que fazer?

-Tenho uma idéia... Na verdade, acho que vou para uma das cabines... Antes do grand finalle, quero um encontro face to face. -disse o homem da cicatriz e saiu pelo corredor, deixando os outros em sua conjecturas...

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Lukas contou tudo.
Desde o ingresso na fraternidade, todo o processo de aceitação, até a grande festa de boas vindas aos membros recém-aceitos.
Seu 'irmão' na Guerreiros de Fogo seria Fernando, seu companheiro em muitas das tarefas durante o período de aceitação.
Até que numa brincadeira com espadas, tudo ocorrera.
Um golpe mal calculado e a espada de Lukas acertou o rosto de Fernando.
Ensanguentado, Fernando desiquilibrou-se e caiu sobre a própria espada.
Os poucos membros da Guerreiros de Fogo no recinto cuidaram de tudo e informaram, dias depois, que Fernando falecera.
Lukas sabia que tinha sido um acidente e a Guerreiros de Fogo assegurou que aquilo seria considerado um acidente.
Mesmo assim ele desistiu da sociedade secreta.
Anos depois entraria para uma agência especial, onde conhecera Luiz.
E era tudo.

-E agora, meus caros, quem continua com o joguinho da verdade? Porque não passamos a palavra para o nosso jornalista da imprensa marrom? Ou pra nossa drogada misteriosa? -emendou Lukas, assim que terminou sua narrativa.

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Shucker e Copperton avaliavam o plano.
No pequeno barco à motor, vestidos de pescadores, seguiam em direção ao destino do Vigeance.
Repassavam mentalmente cada passo.
Tinham de contatar Shumy e Bittencourt para que conseguissem o chip, resgatá-los e, por fim, detonar as bombas do navio.
O tempo seria curto.

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O homem da cicatriz chegou ao quarto de Lukas.
Acomodou-se na cama e pegou o dossiê ali esquecido.
Começou a folhear...

-Pois é, Bittencourt. Chegou a hora do nosso reencontro! -disse em voz alta e retornou à leitura daquelas páginas que ele tão bem conhecia.