Trabalho com Prazer...

Depois de toda a confusão e a reunião mal sucedida, Téca aproveitou que Luiz a puxou, para colocar em prática o que haviam determinado a ela.

Iniciou a conversa com o mesmo papinho do dia da festa, querendo saber de onde se conheciam, e ao perceber um Luiz completamente nervoso, sentiu que poderia manipulá-lo.

Sorriu por dentro ao se dar conta que seu plano tinha dado certo. Luiz caiu feito patinho, acreditando mesmo que ela tinha sido uma cliente de seu passado tão promíscuo, e pensou:

“As pessoas com medo são capazes até de afirmarem o que não fizeram”

Luiz fora tão primário que nem se tocou que Téca jamais poderia ter sido uma “cliente”, afinal alguns anos os separavam, e enquanto ele vendia seu corpo, com 20 anos ela já morava em Londres.

Téca estava adorando tudo aquilo; ao mesmo tempo em que manipulava Luiz, de quebra sentia que ia se dar bem, afinal, ele não era um homem de se jogar fora, e depois daquele beijo repentino e de ter gostado, viu a possibilidade de unir mais uma vez TRABALHO com PRAZER.

Porém, não gostou nada nada de ter sido empurrada abruptamente por Luiz dizendo que poderiam deixar o prazer pra depois, e enfurecida e contrariada, Téca investiu mais uma vez, questionando Luiz sobre ele ter conhecimento de quem estava por trás de tudo aquilo. Estático, ele ficou parado, e Téca saiu a passos largos em busca de encontrar ao menos uma pista...

De repente seu pager apitou e Téca sentiu um frio na barriga, preocupada com o conteúdo da mensagem que dizia:

“Recordações do passado mexem mesmo com você não é? Bastou reconhecer entre os passageiros uma daquelas pessoas que fez parte de seu obscuro passado, pra desmaiar...Sinto informar docinho, mas sua missão está apenas começando, e pra isso eu preciso de você inteira. Portanto não exagere mais nas tequilas, e principalmente nos chiliques. Daqui pra frente vai encontrar muito com essa pessoa. Ah, e não esqueça, quero vc na cola do Luiz o tempo inteiro, senão...”

- Filho da puta! Digo e repito, isso não vai ficar assim. Não sou marionete pra fazer o que querem de mim. Não vou sossegar enquanto não sair daqui, e de preferência do mesmo jeito que entrei, ilesa.

Téca gritava tanto que Luiz já ao lado dela falou:

- Mas que merda Téca, por acaso a única coisa que você sabe fazer é gritar? Precisamos encontrar um jeito de nos livrarmos dessa.

E Téca apenas respondeu:

- Não, eu também sei fazer isto... - e partiu pra cima de Luiz, arrancando-lhe até gemidos, da forma como o beijava e se insinuava pra ele. E quando percebeu um Luiz completamente entregue, fez o mesmo que ele havia feito com ela, empurrou-o, e com o risinho cínico disse:

- Agora não baby! Como você mesmo disse, temos coisas mais importantes para fazer. - Vingada, Téca caiu na risada.

Enquanto mexiam em alguns caixotes, Téca notou que estava sendo observada por Lukas que estava no alto do navio com as outras duas moças. E fixou bem o olhar naquela moça morena, de olhar profundo e lembrou em qual parte de seu passado ela se encaixava. Sua cabeça fervilhava em meio aos pensamentos...

Rachel Maccioti! Sim, era esse o nome dela! A secretária particular do Sr. Ranald Armond, o grande investidor internacional, dono de um império invejável, e proprietário também da empresa onde trabalhou em Londres. Secretária particular e diziam as más línguas que eles seriam amantes também...

Conhecera Rachel e Armond em um restaurante inglês. Seria mais uma situação comum se a secretária não tivesse ficado extremamente nervosa ao ser vista num jantar nada oficial com seu patrão. Na manhã seguinte, tivera a oportunidade de trocar algumas palavras com Rachel, numa reunião geral na sede européia da Webs Security Armonds, onde todos os esforços se concentravam em preparar um mega programa rastreador...

Ao lembrar daquela da reunião ficou enjoada...todos reunidos naquela sala sombria, inclusive seu ex-marido, discutindo sobre o programa, com seus laptops sobre a mesa, e Téca ali, totalmente alheia, pensando em como faria para seu plano dar certo...

E agora, naquele exato momento, quem estava a bordo daquela merda de cruzeiro furado? A própria Rachel... Arrepios corriam todo o corpo de Téca que distraiu-se com seus pensamentos e falou alto:

- Preciso dar um jeito de descobrir por que ela está aqui.

Luiz voltou-se pra Téca e perguntou:

- Ela quem?
- Rachel Maccioti, aquela morena ali em cima. Vou te contar uma coisa mas não pode contar a mais ninguém daqui... eu a conheci há alguns anos, qdo trabalhávamos para a mesma empresa, só que ela aqui no Brasil e eu em Londres. Participamos de uma reunião juntas, sobre a criação de um programa para rastrear hackers... - na medida em que Téca falava, Luiz ia ficando vermelho.

E de repente, Luiz a interrompeu dizendo que havia achado algo entre os caixotes. Téca e Luiz mexeram nos caixotes, e qdo empurraram um deles, depararam-se com uma caixa de metal fechada com cadeado e um envelope colado em cima da caixa com uma mensagem num dialeto muito estranho.

- Conhece esse dialeto Luiz?

Luiz que era um homem viajado, lembrou-se de um dialeto que aprendera num vilarejo na Espanha e em poucos minutos decifrou.

- Sim, é um dialeto do Sul da Espanha, e aqui diz que para abrirmos a caixa, teremos que responder uma espécie de caça-palavras sobre detalhes de nossas vidas pessoais.

- Quem sabe aí dentro está o segredo de como vamos sair daqui? - E Téca sugeriu a Luiz que por hora não mostrassem a mais ninguém aquela caixa.

Luiz acatou a idéia, abraçou aquela caixa como se fosse mesmo um precioso tesouro e agarrando Téca pelo braço, saíram em disparada dali.

Passou em sua cabine, guardou a tal caixa e voltaram para o convés onde estavam os outros. Téca ao procurar um lugar para sentar, passou em frente ao tal Cláudio Vila Nova e sentiu que seus olhares se cruzaram...

Mas não gostou do que sentiu...