Hacking

Como o mundo era pequeno... lá estava Cíntia num cruzeiro muito louco, onde imaginava não conhecer ninguém, com pelo menos duas pessoas que de alguma forma já fizeram parte de sua vida. Ana... Cíntia não sabia da verdadeira personalidade por trás desse nick, Rachel Maccioti... fazia algum tempo tinha desenvolvido um spyware para ela, parece que para obter alguns dados confidenciais da empresa. Desde então nunca mais se falaram e agora teriam que trabalhar juntas novamente para sair de uma enrascada e tanto.

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Isso a fazia lembrar da época de faculdade, coincidentemente, da mesma época em que conheceu Lukas. Por brincadeira, de muito mal gosto, diga-se de passagem, espalhou boatos sobre um grupo de pessoas das quais não gostava. Foi a primeira vez em que notou o poder da informação, como ela poderia mudar vidas. Sabia que o que tinha feito causara grandes problemas para um dos alunos e se arrependia amargamente pelo que tinha feito, mas não poderia voltar atrás, o que havia sido feito, estava feito. Agora se via presa numa trama muito semelhante à que tinha armado na época, guardada as devidas proporções, já que na época Cíntia tinha disponível somente e-mails, nada dessas tecnologias ou luxos que estavam sendo usados contra ela e os demais integrantes do grupo.

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Sentia-se mais confortável agora que Lukas saíra de perto das duas. A proximidade dele com Rachel a estava incomodando. Ele havia sido um cachorro por abandoná-la daquela forma, mas Cíntia não podeia controlar, sentia ciume dele ainda e algo lhe dizia que precisava tomar cuidado com a proximidade dele e de Rachel.

Próxima à cabine de comando, que agora estava vazia, Cíntia conseguiu um sinal fraco, porém aparentemente estável.

- Santo intravermelho, Ana! Desculpe... Rachel. Consegui conexão com algum equipamento aqui no navio... o sinal está fraco, porém estável. Não creio que seja conexão com a rede, mas está enviando informações.

- Estranho, se fosse conexão à internet, seria de duas direções. Está só enviando dados?

- Sim... ao que tudo indica alguma fonte externa está enviando dados para cá... esse laptop é seu laptop de trabalho mesmo?

- Ah, sim... o estranho é que me pediram para trazê-lo.

- Bom... algum motivo devem ter para isso, então aquele spyware que lhe enviei ainda está por aqui, certo? Com alguns ajustes, posso modificá-lo para ler estes dados.

Após trabalharem por algum tempo no código fonte daquele programa, Cíntia e Rachel finalmente conseguiram obter algumas informações, mas elas estavam ininteligíveis.

- Droga! Os dados estão criptografados! - esbravejou Cíntia.

- Cíntia, estamos sem tempo para pensar nisso por enquanto, temos que priorizar as coisas por aqui. Vamos deixar o computador recebendo os dados e depois vemos o que é possível de fazer. No momento, nossa prioridade é o navio... você disse que estávamos à deriva não é mesmo?

- Tem razão... você sabe comandar um navio?

- Não mesmo... - Rachel deu uma risada um tanto irônica e dirigiu-se à cabine de comando, sendo seguida por Cíntia.

Após algum tempo, Cíntia encontrou algo que parecia ser um recceptor, e ao seguir a fiação, notou que o mesmo estava conectado ao timão do navio. Propositalmente, girou levemente para mudar o navio de rumo e, como já imaginava, o navio corrigiu sua rota automaticamente. Quem quer que fosse a pessoa por trás disso tudo, sabia muito bem onde queria levá-los.

Enquanto vasculhavam a cabine em busca de alguma informação ou mapa, ouviram um burburinho próximo à porta. Ao sair, encontraram Uriel, Lukas e Villa Nova ao redor de um livro. Disfarçadamente, fez um sinal para que Rachel escondesse o laptop com as informações criptografadas e seguiram para o deck, onde todos se reuniram novamente.

Era claro que todos naquele navio escondiam segredos. Cíntia sabia que podia confiar em Rachel e Lukas, bom, Lukas era de confiança, mas ela ainda se ressentia muito pelo seu passado com ele. Porém numa situação como essa, era melhor tê-lo como aliado.

A única coisa que sabia era que Uriel escondia algo que ela precisava desvendar. Sabia também que não poderia confiar nele... começava até mesmo a imaginar que talvez ele fosse a mente por trás deste quebra-cabeças, só podia ser... ele aparentava ter muito dinheiro, com todas aquelas roupas de estilistas famosos... para bancar um cruzeiro como esse, só sendo um milionário... talvez bilionário.

Do deck, E aquela moça que conhecera no baile à fantasia, Téca? Todos numa situação crítica como esta e ela se agarrando com o Luiz... Cíntia não conseguia compreender como tinha gente que conseguia ficar tão calma... na verdade conseguia sim.

O clima estava tenso. Cíntia precisava dar um jeito de ficar sozinha assim que possível e tentar recuperar os dados do laptop que havia sido deixado em seu quarto, junto com as ferramentas... talvez lá estivesse a chave para resolver todo esse mistério. Mas antes disso, precisava resolver outra charada.

- Alguém aqui entende de criptografia? - Perguntou para quebrar o gelo entre as pessoas que lá estavam reunidas. Notou que após esta indagação, Cláudio Vila Nova esboçou uma reação e depois se conteve... ao que tudo indicava a palavra criptografia mexeu com ele de alguma forma.

- Por que quer saber? - perguntou Claudio.

- Por nada... - Cíntia viu que Uriel a estava olhando, então dissimulou. Não poderia falar na frente dele que descobrira informações criptografadas sendo enviadas para o navio. - Então... o que faremos agora?